Introdução

A Escola Sociológica é uma das principais escolas criminológicas que surgiu no início do século XX. Essa abordagem criminológica enfatiza a importância dos fatores sociais e estruturais na geração do crime. Neste artigo, exploraremos os principais conceitos e pensadores da Escola Sociológica, bem como a relevância dessa escola na criminologia contemporânea.

Os Fundamentos da Escola Sociológica

A Escola Sociológica foi influenciada por sociólogos e teóricos sociais, como Émile Durkheim e Gabriel Tarde. Esses pensadores argumentavam que o crime não era apenas um fenômeno individual, mas um produto das estruturas e dinâmicas sociais.

Princípios Básicos

A Escola Sociológica estabelece alguns princípios básicos para a compreensão do crime e do comportamento criminoso:

  1. Fato social: O crime é visto como um fato social, ou seja, um fenômeno que resulta das condições sociais, culturais e econômicas em uma determinada sociedade. O comportamento criminoso é influenciado pelas normas, valores e estruturas sociais presentes em uma comunidade.
  2. Anomia: A Escola Sociológica utiliza o conceito de anomia para explicar a ocorrência do crime. A anomia surge quando há uma desestruturação social e uma falta de integração entre os indivíduos e a sociedade. A ausência de regras claras e a falta de oportunidades podem levar ao comportamento criminoso.
  3. Desigualdade social: A Escola Sociológica destaca a importância das desigualdades sociais na explicação do crime. A pobreza, a marginalização e a exclusão social são consideradas influências significativas no comportamento criminoso. As condições socioeconômicas desfavoráveis podem levar à frustração, alienação e à busca de meios ilegais para atender às necessidades básicas.

Impacto e Críticas

A Escola Sociológica teve um impacto significativo na criminologia, influenciando o entendimento do crime como um fenômeno social complexo. Sua ênfase nas estruturas sociais e nas desigualdades contribuiu para a compreensão das causas sociais do crime e a necessidade de abordagens mais amplas para a prevenção e intervenção.

No entanto, a Escola Sociológica também enfrentou críticas ao longo do tempo. Algumas críticas apontam que a abordagem sociológica pode negligenciar a responsabilidade individual e a capacidade de escolha dos indivíduos. Além disso, a escola também foi acusada de generalizações excessivas, desconsiderando variações e diferenças individuais na explicação do comportamento criminoso.

Relevância Contemporânea
A abordagem sociológica continua sendo relevante na criminologia contemporânea, especialmente na análise dos fatores sociais e estruturais que contribuem para o crime. A compreensão das desigualdades sociais, da marginalização e da exclusão ainda é fundamental para abordar efetivamente o comportamento criminoso.

Nas últimas décadas, a Escola Sociológica influenciou o surgimento de novas perspectivas criminológicas, como a criminologia crítica e a teoria do conflito. Essas abordagens ampliam a compreensão do crime, enfatizando as relações de poder, as dinâmicas de opressão e as estruturas sociais que perpetuam a criminalidade.

A criminologia crítica, por exemplo, destaca como as desigualdades sociais, a discriminação e a opressão são elementos centrais na explicação do crime. Ela analisa criticamente as estruturas de poder e as políticas criminais, questionando as práticas punitivas e propondo alternativas mais justas e igualitárias.

A teoria do conflito, por sua vez, enfoca os conflitos entre grupos sociais e a competição pelo poder e recursos. Essa perspectiva destaca como as desigualdades econômicas e a luta por poder influenciam o comportamento criminoso, enfatizando a necessidade de abordagens que reduzam as tensões sociais e promovam a justiça social.

A Escola Sociológica também tem influenciado a criminologia ambiental, que explora como o ambiente físico e social pode afetar o comportamento criminoso. Essa abordagem analisa como a organização do espaço, a desordem urbana, a falta de infraestrutura e outros fatores ambientais podem criar condições propícias para a criminalidade.

Em resumo, a Escola Sociológica continua desempenhando um papel importante na criminologia contemporânea, ao fornecer uma perspectiva ampla sobre as influências sociais, estruturais e ambientais no comportamento criminoso. Essa abordagem oferece insights valiosos para a prevenção do crime, intervenções eficazes e a busca por justiça social.

Fontes para Consulta:

  1. Chambliss, W. J., & Mankoff, M. (2014). Whose Law? What Order? A Conflicting View of Crime. In Criminological Theory: A Brief Introduction (4th ed., pp. 60-85). SAGE Publications.
  2. Vold, G. B., Bernard, T. J., & Snipes, J. B. (2002). Theoretical Criminology (5th ed.). Oxford University Press.
  3. Cullen, F. T., & Agnew, R. (2011). Criminological Theory: Past to Present. Oxford University Press.
  4. Lynch, M. J., & Stretesky, P. B. (2021). Environmental Criminology: Contemporary Theory and Practice. Routledge.
  5. Lilly, J. R., Cullen, F. T., & Ball, R. A. (2015). Criminological Theory: Context and Consequences (7th ed.). SAGE Publications.
  6. Durkheim, E. (1897). O Suicídio: Estudo de Sociologia. Disponível em: https://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000158.pdf
  7. Tarde, G. (1903). As Leis da Imitação. Disponível em: https://www.gutenberg.org/files/39458/39458-h/39458-h.htm
  8. Merton, R. K. (1938). Social Structure and Anomie. American Sociological Review, 3(5), 672-682.
  9. Chambliss, W. J., & Mankoff, M. (2014). Whose Law? What Order? A Conflicting View of Crime. In Criminological Theory: A Brief Introduction (4th ed., pp. 60-85). SAGE Publications.
  10. Vold, G. B., Bernard, T. J., & Snipes, J. B. (2002). Theoretical Criminology (5th ed.). Oxford University Press.
  11. Cullen, F. T., & Agnew, R. (2011). Criminological Theory: Past to Present. Oxford University Press.

Você e/ou sua empresa sofreu algum golpe de crime cibernético? Fale conosco!

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

× Fale conosco